domingo, 27 de junho de 2010

Um dos livros mais bonitos que já li- Parte 2

Continuando com o livro de Bobin, aqui algumas passagens em que a protagonista fala sobre a mãe: olha, que lindo!
"Minha mãe é louca, eu acho. Desejo a todas as crianças do mundo que tenham mães loucas, são as melhores mães, as mais adequadas para os corações adequados das crianças. Sua loucura lhe vem da Itália, seu primeiro país. Na Itália, o que está dentro, eles põe para fora. A roupa para secar e o coração para levar, põe tudo na rua, num fio entre duas janelas, e fazem o inventário várias vezes por dia, diante dos vizinhos, numa ópera interminável de gritos e risos".
"Todos estão apaixonados por minha mãe nesta tribo, e ela deixa estar: esses incêndios declarados ao seu redor são o melhor jeito de manter meu pai ao seu lado".
"O círculo é simples: quanto mais você for amada, mais vão amá-la. O truque está no começo, para ser amada uma primeira vez. É preciso sobretudo não pensar nisso, não procurar, não desejar. Ser louca, contentar-se em ser louca, em rir chorando, em chorar rindo, os homens acabam por vir, atraídos pela clareira da loucura, seduzidos por aquela que nem mesmo tem a preocupação de agradar."
"Ela é eterna, minha mãe. Sei que a morte entrará um dia em seu corpo e que a alma dela sairá para não ficar sem ar, para continuar a divagar noutro lugar, de outro modo. Sei muito bem, mas, esperando esse dia que não se deve esperar, tenho louco prazer em ouvir sua voz, ouvir, não escutar, as palavras não têm tanta importância, o que temos a dizer na vida senão bom-dia, boa-noite, te amo e ainda estou aqui, por um pouco de tempo, viva, na mesma terra que você."

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